A vigilância da raiva é o principal índice de sucesso de qualquer programa de intervenção. A vigilância implica na coleta de dados essenciais para: 1) determinar a situação da raiva no início do programa; 2) monitorar e avaliar o progresso e o impacto da intervenção; 3) gerir adequadamente o risco de possíveis exposições do homem à doença; e (4) calcular a rentabilidade dos esforços de controlo. Se as medidas de vigilância não forem implementadas inicialmente, devem ser estratégicas e rapidamente aplicadas. Importa sublinhar que a eficácia na transmissão de dados é tão importante quanto a sua recolha, de modo a permitir a sua análise tempestiva. Com efeito, a análise dos dados pode revelar alterações na situação da raiva, nomeadamente a ocorrência de surtos, que requerem uma intervenção imediata.
A suspeita de raiva nos animais pode ter por base o histórico de mordeduras e os sinais clínicos, mas a confirmação em laboratório é o único meio de diagnóstico definitivo. Os países que pretendam lançar um programa de controle da raiva devem dispor de infra-estruturas mínimas para o diagnóstico em laboratório, conforme descrito aqui, , utilizando a melhor técnica de diagnóstico da raiva, o teste de imunofluorescência direta, pelo menos nos laboratórios nacionais, Para consultar uma lista dos materiais básicos necessários para a realização deste teste, clicar aqui Se forem utilizadas técnicas alternativas válidas, como as descritas aqui, a confirmação dos resultados deve ser sempre realizada nos laboratórios centrais através do teste de imunofluorescência.
Podem ser aplicadas técnicas simples de colheita de amostras por diversos tipos de operadores, como veterinários, agentes de extensão agrícola e pecuária e guardas florestais, para facilitar a colheita a campo e o transporte das amostras em zonas rurais distantes e para melhorar, em geral, a taxa de apresentação de amostras para análise. Para consultar a lista de materiais que o pessoal de vigilância da raiva necessita a campo, clicar aqui É essencial que o transporte das amostras para as instalações de diagnóstico da raiva seja organizado de forma eficiente para assegurar a sua entrega segura e a tempo.
- Fotografia gentilmente cedida pelo «Serengeti Carnivore Disease Project»
O reconhecimento da raiva por parte das comunidades que vivem em zonas endêmicas da doença, em geral, é relativamente preciso. Por conseguinte, as informações sobre os casos (não confirmados) de raiva humana e animal, bem como sobre de feridas por mordedura de animais, podem ser obtidas durante os inquéritos por questionário. No entanto, este método é o mais utilizado para uma avaliação rápida do que para determinar a incidência, a não ser que todos os relatórios sejam acompanhados de uma investigação adicional. Os inquéritos por questionário podem ser importantes para perceber o conhecimento, as atitudes e os comportamentos locais, podendo estas informações serem utilizadas em programas pedagógicos e de comunicação mais específicos.
- Fotografia gentilmente cedida pelo «Serengeti Carnivore Disease Project»
Os dados relativos às feridas de mordedura de animais dos hospitais são uma fonte de dados facilmente acessíveis e podem ser utilizados como indicadores de casos de raiva animal e de exposição à doença numa determinada zona e para avaliar o impacto da vacinação canina sobre a exposição humana à raiva.
Os hospitais podem igualmente fornecer informações sobre doses pós-exposição profiláticas administradas, que podem ser utilizadas para avaliação da relação custo-benefício dos programas de controle da raiva canina, pela redução das despesas de saúde pública em termos de custos das vacinas anti-rábicas humanas (decorrente da redução da raiva canina).
É igualmente fundamental que sejam mantidos registos rigorosos de todas as despesas inerentes aos esforços de controlo da raiva, de modo a permitir análises ulteriores da relação custo benefício. Quanto aos tipos de dados necessários à realização de uma análise de custo benefício, queira consultar estes exemplos.
Os dados georreferenciados sobre casos de raiva humana e animal (como os dados clínicos, confirmados por laboratório, e os dados relativos a mordeduras de animais) são úteis para identificar as regiões mais afetadas pela raiva e assegurar iniciativas mais específicas.
A tecnologia do telefone portátil poderá também reforçar a vigilância da raiva, já que permite a comunicação e a detecção em tempo real de casos ou mordeduras de animais, bem como o fornecimento de informações sobre a disponibilidade de produtos biológicos anti-rábicos.